Oxalá toda a aparente "generosidade" que tem estado a ser manifestada para com os refugiados ucranianos, sobretudo aquela que é anónima e que resulta de iniciativas individuais ou de grupos isolados, tenha como fundamento intenções e sentimentos, não só genuína como exclusivamente humanitários ...
Provavelmente estarei a ser demasiado cínica (deformação de formação!), mas confesso sentir algum desconforto quando ouço que há indivíduos singulares que, sem qualquer respaldo organizacional ou institucional decidem, de forma impulsiva, ir para a estrada e percorrerem milhares de quilómetros, em direcção a zonas de guerra, com o único intuito de resgatar pessoas em fuga e de as levar de volta aos países de onde são oriundos.
Temo entretanto que, face à enorme vulnerabilidade em que estas famílias actualmente se encontram, estes milhões de mulheres e crianças em fuga, assustadas, confusas, circunstancialmente desenraízadas e separadas dos homens das suas famílias (maridos, pais, irmãos ...), não venham a ser vítimas de outras guerras, de armadilhas organizadas por tenebrosos grupos criminosos que espreitam, exploram e se alimentam destes tipos de fragilidades sociais e humanas.
Quem viu, entre outras, a série Mar de Plástico (2015) na Netflix não pode senão estar alerta para a realidade que é a existência do tráfico de seres humanos, visando o tráfico de orgãos, a exploração laboral, sexual e quejandos.
É preciso vigiar, estar alerta, ter consciência dessa realidade e procurar prevenir, institucionalmente e na medida do possível, este tipo de situações.
Caberá, entre outras, às reconhecidas organizações internacionais mais esta difícil tarefa.