Mostrar mensagens com a etiqueta Artigos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Artigos. Mostrar todas as mensagens

Ronald Coase, "Defender a Economia dos economistas" (2012)



Saving Economics from the Economists
Institute for New Economic Thinking

«A Economia, tal como é actualmente apresentada em livros didácticos e ensinada na sala de aula não tem muito a ver com a gestão de negócios, e ainda menos com o empreendedorismo. É extraordinário e muito infeliz o nível em que a Economia se encontra isolada da actividade económica do dia-a-dia.
Não aconteceu o mesmo no passado. Quando a economia moderna nasceu, Adam Smith imaginou-a como um estudo da "natureza e causas da riqueza das nações."
A sua obra de excelência, "A Riqueza das Nações", foi amplamente lida por homens de negócios, apesar de Smith os ter depreciado de forma aberta e sem rodeios pela sua ganância, falta de visão estratégica e outros defeitos. O livro também provocou e orientou debates entre os políticos relacionados com o comércio e outras políticas económicas. Naquele tempo a comunidade académica era pequena e os economistas tiveram que apelar a um público mais amplo. Também no virar do séc: XX, Alfred Marshall conseguiu manter a economia como, simultâneamente, “um estudo sobre a prosperidade e um ramo do estudo do homem.” A Economia permaneceu relevante para os industriais.
No séc. XX, a economia consolidou-se enquanto profissão; os economistas puderam permitir-se escrever, exclusivamente, uns para os outros. Simultâneamente,esta área sofreu uma mudança de paradigma identificando-se, gradualmente, com uma abordagem teórica da economia (economização/poupança?) e desistindo da economia real enquanto seu objecto de estudo.
Actualmente, a produção é marginalizada na economia e a questão paradigmática centra-se, de forma bastante estática, na distribuição de recursos. Os instrumentos utilizados pelos economistas para analisar as empresas são demasiado abstractos e especulativos no sentido de poderem oferecer qualquer orientação a empresários e gestores, na sua luta constante para oferecer novos produtos aos consumidores a um baixo custo.
Este divórcio entre a economia e a economia do trabalho (produtiva) danificou, severamente, tanto a comunidade empresarial como a disciplina académica. Uma vez que a economia pouco oferece em termos de conhecimentos práticos, tanto os gestores como os empresários dependem, exclusivamente, da sua própria visão de negócios, juízo individual, e regras de ouro na tomada de decisões.
Em tempos de crise, quando os líderes nos negócios perdem a sua auto-confiança associam-se, com frequência, ao poder político para preencher eventuais lacunas. Os governos (poder político) são cada vez mais encarados como a solução final para os difíceis problemas económicos, desde a inovação ao emprego.
A Economia torna-se, assim, num conveniente instrumento usado pelo Estado para fazer a sua gestão económica, em vez de ser um instrumento dirigido ao público no sentido de obter esclarecimentos sobre o modo de funcionamento da mesma. Mas, porque já não está solidamente fundamentada na investigação empírica sistemática do funcionamento da economia,torna-se uma tarefa difícil.
Durante a maior parte da história da humanidade, as famílias e tribos viviam essencialmente da sua própria economia de subsistência; as ligações entre si e o mundo exterior eram ténues e intermitentes. Tudo mudou completamente com a ascensão da sociedade comercial. Hoje, uma economia de mercado moderna, com a sua cada vez mais sofisticada divisão do trabalho, depende de uma rede de negócios constantemente em expansão. Requer uma intrincada teia de instituições sociais para coordenar o funcionamento dos mercados e empresas acima de certos limites.Numa altura em que a economia moderna se está a tornar cada vez mais concentrada em instituições, a redução da Economia à teoria dos preços é muito preocupante. É um suícídio para a disciplina deslizar para a dífícil ciência da escolha, ignorando as influências da sociedade, história, cultura e política, no funcionamento da economia.
É tempo de preencher a severamente empobrecida área da economia com ciência económica.
As economias de mercado que surgem da China, Índia, África e qualquer outro lugar anunciam uma nova era de empreendedorismo e, com ela, oportunidades sem precedência, para os economistas estudarem como a economia de mercado resiste em sociedades com culturas, instituições e organizações tão diversas e diversificadas.
Mas só haverá conhecimento se a economia for reorientada para o estudo do homem tal como é e do sistema económico tal como existe actualmente.»
Dez./2012

Ronald Coase is a Nobel laureate in economics and a professor emeritus at the University of Chicago Law School. He is launching a new journal, Man and the Economy, with Ning Wang of Arizona State University, who contributed to this column.

Tradução e adaptação
Maria Abreu 

Francesco Alberoni, "O silêncio dos intelectuais e a sociedade bárbara"


«Começo a estar cansado de ver apontar publicamente como modelos, multimilionários que ostentam a sua riqueza, aldrabões que vivem de intrigas, analfabetos que as pessoas tomam como exemplos de saber e bom senso, políticos que só sabem lamentar-se, incapazes que são de analisar de forma rigorosa a realidade político-social. E além disso tenho saudades de ouvir falar com profundidade e saber os grandes estudiosos, os grandes intelectuais.
Ainda há não muito tempo as pessoas tinham respeito pela alta cultura, pelos grandes filósofos, pelos grandes cientistas. Nos anos 70, portanto há relativamente pouco tempo, qualquer licenciado lia e era capaz de citar filósofos como Kant ou Hegel, sociólogos como Weber ou Pareto, psicólogos como Freud ou Jung. Quase todos os políticos da Primeira República italiana eram pessoas muito cultas, muitos deles professores universitários. Na mesma época havia empresários, como Olivetti ou Pietro Barilla, que se rodeavam de homens de cultura, de grandes artistas, o que não os impedia de criar empresas internacionais de envergadura. As grandes figuras da cultura apareciam nos jornais, na rádio, na televisão.
Hoje as coisas já não são assim. Há um círculo mediático que é formado por pessoas que se convidam umas às outras, que se elogiam entre elas, que fazem a festa sem precisar de ajudas de fora. Pensemos no luto por Pietro Taricone, o actor do "Big Brother" italiano morto recentemente. Mas quem fez na televisão a homenagem a personalidades como Alessandro Bausani, Norberto Bobbio, Lucio Colletti, Franco Modigliani, Mario Luzi, Sergio Cotta, Elémire Zolla, Pietro Cascella, Giò Pomodoro? Em Itália há uma grande criatividade e uma oferta imensa de livros, filmes e espectáculos, mas falta o sentido da ordem, da hierarquia, da avaliação equilibrada das personalidades e dos valores. As escolhas são superficiais, resultantes de um marketing grosseiro e muitas vezes da corrupção.
As elites do saber renunciaram a educar o público, a reflectir e a escolher. A cultura, a ciência, o estudo da alma humana exigem tranquilidade, profundidade, o reconhecimento dos próprios erros e qualidades como o respeito e a humildade.
No entanto, hoje já não estamos acostumados à reflexão e à argumentação rigorosa; preferimos a conversa fiada e as piadas fáceis. Tudo desencoraja a alta cultura, os projectos ambiciosos a longo prazo, a verdadeira vida do espírito. Estou convencido de que, se a sociedade enfrenta dificuldades, isso acontece também em resultado desta perda de espessura, de moral e de seriedade intelectual. Parece-me que está na altura de as elites culturais de esquerda ou de direita retomarem o seu verdadeiro papel, a sua responsabilidade educacional, e porem um travão na degradação intelectual da vida pública.»

Ionline, Março 2010
Republicado pela notável actualidade e desastrosa persistência no erro. 

"The TRUTH About Ngozi Fulani: Meghan Markle's ...", uma perspectiva a considerar

  Uma análise de conteúdo inteligente, clara e desmistificadora do que pode ter acontecido e, provavelmente, aconteceu.